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Indígenas debatem luta para retomar direitos e liberdade

Da Agência Tambor
Por Paulo Vinicius Coelho*
13/08/2021

Entre os dias 11 e 13 de agosto foi realizado o II Seminário Povos Originários. O evento foi transmitido no canal do GEDMMA – Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente – no YouTube

Sobre o assunto, no último dia 10, o Jornal Tambor conversou com a educadora e integrante da Articulação dos Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão, Rosa Tremembé.

VEJA ABAIXO A ENTREVISTA

Duas expressões chamam a atenção no título do seminário. ‘’Povos originários’’ e ‘’retomada’’.

Rosa Tremembé esclarece que os povos originários são os indígenas, ‘’somos nós que viemos dos povos que estavam aqui antes dos invasores chegarem.’’

E em resposta aos que tentam ‘’colocar os povos indígenas numa caixa’’ ou ‘’desejam que nós sejamos sempre aqueles do passado’’, afirma: ‘’não deixamos de ser indígenas porque conseguimos um carro, um computador ou entramos na universidade’’

A sociedade muda, mas os ataques aos povos indígenas permanecem. Rosa Tremembé cita o PL 409 e o estabelecimento do marco temporal como tentativas de ‘’tirar os direitos conquistados com sangue e suor ‘’ e de ‘‘matar os verdadeiros donos das terras para deixar os invasores tomarem conta de tudo’’.

Já a expressão ‘’retomada’’ revela a luta pela reafirmação dos povos originários.
‘’Por muito tempo nós estivemos calados para sobreviver. Hoje, para viver, nós precisamos falar’’ enfatiza Rosa, que diz ainda: ‘’esse falar é a nossa retomada, é a retomada dos nossos territórios, da nossa espiritualidade, da nossa educação’’.

A herança colonial também impede a compreensão da pluralidade dos povos indígenas. O próprio termo ‘’índios’’, cunhado pelos europeus, não abrange a diversidade das etnias. ‘’Nós somos Tupinambá, somos Akroá-Gamella, Tremembé, Kariú-Kariri…’’ declara a educadora.

O dia 9 de agosto marcou o Dia Internacional dos Povos Indígenas, ocasião que Rosa considera importante ‘’para relembrar o que nós somos e o que nós nunca deixamos de ser’’, além de ‘’deixar claro que o projeto de morte perpetuado contra os povos indígenas não foi concluído e nem será’’

‘’Embora pelos caminhos sempre existam pedras, nós somos a água que corre e se desvia quando necessário, porque o nosso nome é ‘resistência’’ aponta.

O Seminário Povos Originários em Processo de Retomada é organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), o Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA), o Grupo de Estudos e Pesquisas Indígenas e Indigenistas no Maranhão (GEIMMA) e o Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMA.

No evento, temas como racismo e necropolítica, criminalização dos povos indígenas e territórios serão abordados.

Rosa comenta ainda que o seminário é um espaço para manifestações, avaliações e levantamento de desafios. Ela critica os que pretendem ‘’’dar voz’’ aos indígenas e afirma que ‘’os povos tem voz, nós queremos é oportunidade’’

‘’Muita gente pensa que os povos indígenas tem que ser tutelados, mas nos temos capacidade de pensar, de refletir, de ver como está a conjuntura perversa do Brasil’’ complementa.

*Com edição de Emilio Azevedo

Veja o Jornal Tambor, com a entrevista com Rosa Tremembé, em nosso canal do YouTube

https://youtube.com/channel/UCSU9LRdyoH4D3uH2cL8dBuQ

Ouca pela plataforma Spotify, entrevista que Rosa Tremembé deu ao Jornal Tambor:

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