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Desfile de grife criada por profissionais do sexo acontece nessa sexta em São Luís

Agência Tambor

O encerramento do III Seminário Nacional ‘Avanços e desafios das profissionais do sexo’ será em forma de confraternização. A partir das 20h dessa sexta-feira (1), na Praça Flor do Samba, no Desterro, haverá um desfile com as roupas da Daspu – grife nacional criada por profissionais do sexo.

Para falar do evento, o TamborCast e Rádio Tambor entrevistaram Maria de Jesus, uma principais ativistas do movimento brasileiro e maranhense de prostitutas; e Elaine Bortolanza, coordenadora da Daspu. Para Elaine, a marca que será exposta na passarela surgiu com o objetivo de usar a força do movimento das profissionais do sexo para ocupar outro lugar de visibilidade.

A Daspu surgiu em 2005 por iniciativa da prostituta Gabriela Leite. Anteriormente, em 1987, tinha acontecido o primeiro encontro nacional de prostitutas, chamado ‘Fala mulher da vida’ – primeira ocasião preocupada em discutir e combater o preconceito acerca do tema. A coordenadora da grife explica que a luta das prostitutas também é uma luta contra o machismo e o patriarcado. “E a gente usa a moda para expressar esse protesto”, diz.
História e luta de Maria

“Liderança é quem manda, o ativista é aquele que faz”, afirma Maria de Jesus. As palavras fazem jus à história de vida: por ter vivenciado o começo da AIDS, Maria era conhecida por sair pelas ruas de São Luís distribuindo preservativos para transexuais e travestis expostos à violência da sociedade, assim como pegá-los pela mão e acompanhá-los em exames médicos.

“Sou apaixonada pela minha história de vida na zona meretriz. Minha convivência com todas as mulheres naquela época foi uma universidade. Se eu tivesse ido a uma universidade e sido advogada, eu não saberia defender a minha companheira. Para defender, você não precisa dar dinheiro, e sim se empoderar do que a outra precisa”, conta.

Maria explica que o descaso e preconceito com a profissão não está restrito a esse governo. O ponto mais importante para ela é a regulamentação, presente no Projeto de Lei Gabriela Leite, de autoria do deputado Jean Wyllys, proposto em 2003 e resgatado em 2012. O PL daria direitos trabalhistas às prostitutas, além de reduzir riscos que correm na profissão. Atualmente, o político está fora do país após sofrer ameaças de eleitores do presidente Jair Bolsonaro e o projeto não está em discussão.

A maior motivação para as lutas das profissionais do sexo, segundo Maria de Jesus, é a liberdade. “Você tem que estar onde você quiser, fazendo o que você quiser, desde que faça consciente e maior de idade”, reitera. Eventos como o seminário são importantes justamente para quebrar tabus e desvendar diferentes narrativas.

Sem ter conhecimento, “é muito fácil vir com o discurso da moral sexual, como é o discurso da [Ministra da Família] Damares Alves. Faz com que as pessoas passem a criminalizar esse trabalho, e colabora para a coisa ficar ainda mais conflituosa”, pontua.

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